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Do skinimalism ao sexual-care: tendências de bem-estar para 2021

Nosso tradicional post anual de tendências de bem-estar parece mais um compilado do que foi falado nos dois últimos anos. Curioso foi observar que o próprio bem-estar parecia ser uma macro-tendência que permearia todas as áreas de bens de consumo e cuidados. E foi. Em tempos pandêmicos, a humanidade desacelerou, ainda que obrigada. O desacelerar, por si só, nos leva a olhar para o essencial. Não à toa, é como se, desacelerando, vivêssemos no presente, no agora, as tendências até então apontadas para um futuro mais distante. 

Isso explica talvez não só as observações intuitivas, mas também os relatórios dos grandes agências caçadoras de tendências prevendo para 2021 temas já levantados nos últimos anos dentro de nichos de comportamento fora da curva –  considerando o resgate da ancestralidade, das terapias holísticas e das ferramentas que nos possibilitam resgatar intimidade com a natureza, faz todo sentido. Precisamos de mais essências e menos tendências.

Confira algumas tendências de bem-estar para 2021

1 – Leitor de rótulo: reflexo da beleza limpa fora da bolha

No último ano o movimento pela beleza alinhada aos conceitos de sustentabilidade deu os primeiros passos fora da bolha. Como falamos por aqui, beleza natural não é apenas sobre produto, mas muito se reflete em um novo comportamento de consumo. Pela primeira vez vimos o tema ocupar com destaque páginas de veículos da grande mídia, como Exame e Marie Claire. Marcas de beleza indie expandiram e investiram em inovação. Presenciamos surgir linhas naturais\orgânicas\veganas de grandes e globais conglomerados da higiene pessoal. O movimento ganhou popularidade e se aproximou  de um público que até então não associava consumo de beleza à saúde, muito menos a impacto ambiental. Surge então a geração leitora de rótulo.

Um consumidor que não quer que alguém diga qual produto é mais limpo, que não se conforma apenas com a propaganda do rótulo. Ele deseja interpretar por próprio a quais categorias um produto pertence. Ler rótulo pede paciência, senso crítico. Na missão de gerar autonomia com segurança no consumo de beleza, o site americano EWG sempre foi uma referência global de pesquisa sobre toxicidade dos produtos, mas com a limitação da língua inglesa. Aqui no Brasil a plataforma Limpp, com previsão de lançamento para o primeiro semestre 2021, promete reforçar o movimento oferecendo tradução e análise e tradução científica de ingredientes em português. E gratuitamente. Por aqui, além do nosso conteúdo informativo independente, nosso programa imersivo Jornada da Beleza Consciente também cumpre a missão mostrar caminhos de consumir beleza e bem-estar com segurança e autonomia. Aliás, temos um guia de como ler um rótulo de beleza.

2- Nutrição holística e intuitiva

De carona em movimentos por um estilo de vida mais saudável e consciente, uma nova abordagem no ramo da alimentação começa a se popularizar: a nutrição holística, também chamada de nutrição integrativa. Os dois termos levam ao mesmo caminho: uma escolha alimentar que considera o ritmo individual de cada pessoa e, quando possível, a sincronização com o ritmo da natureza. É um olhar mais sensível para a comida, que é vista também como uma prática de bem-estar e autocuidado. A nutrição holística é uma abordagem muito nova e nem mesmo é considerada uma especialidade formalmente. Mas prática acaba conversando com terapias como aromaterapia, ayurveda e fitoterapia. Em uma linha mais flexível, já temos mais movimentos que devem reforçar esta tendência por irem na contramão das dietas. É o caso do  movimento “undieting”, que propõe o fim do terrorismo nutricional. Comida é prazer, é remédio, é bem-estar!

3 – Viagens de bem-estar, turismo com propósito

O despertar para o impacto das nossas escolhas, a necessidade de sentir-se parte da natureza, as estatísticas das crises de ansiedade…Os escapes para fora da rotina nunca precisaram ser ancorados em algum propósito. E esta promete ser a grande tendência de turismo no pós-pandemia. Como alvo estão os destinos que levam ao cultivo da espiritualidade, ao resgate da ancestralidade e até mesmo a aprender novas habilidades. Saem os roteiros exaustivos focados na corrida pelo check na lista de pontos turísticos. Entram a calma e o ócio criativo. Luxo são as casas simples e sustentáveis, e os hoteis e pousadas que oferecem paz de espírito. A procura pelo chamado turismo rural também tem apontado crescimento. O motivo? Experiências de pura simplicidade, natureza e atividades baseadas na calma, sem pressa.

4- Tem sem álcool, por favor?!

O termo “drink sem álcool” esteve entre os dez mais buscados nas plataformas de pesquisa já no final de 2020. Alguns reports tem atribuído o comportamento à chamada “geração smartphone” – pela baixa de consumo de álcool entre os jovens.  Segundo um estudo da psicologia da Universidade Estadual de San Diego, nos Estados Unidos “eles são menos propensos a dirigir, trabalhar, fazer sexo, sair e… beber álcool”.

Em contrapartida, movimentos pelo consumo consciente e um estilo de vida mais minimalista e holístico, também sugerem, mesmo que indiretamente, uma rotina de prazer sem dependência das bebidas alcoólicas. Não à toa, pela primeira vez podemos ver a campanha “Dry Janury” (janeiro seco, em tradução livre”) ser mais comentada aqui pelo Brasil.

5- Hempy beauty: cannabis além do THC e CBD

Em 2020 o cannadibiol protagonizou muitas discussões sobre bem-estar. O ativo já tem sido usado em formulas cosméticas mundo afora, como contamos aqui.  Em 2021, veremos uma aceitação mais ampla do uso de cannabis e o estigma em torno disso diminuirá significativamente. “A cannabis será apoiada para uma gama mais ampla de benefícios médicos e de saúde por meio de esforços renovados de pesquisa em universidades e instituições em todo o país. É essa pesquisa que contribuiu para uma gama mais ampla de canabinóides, como CBG, THCV e CBN, que começaremos a ver em produtos para uso medicinal e adulto, e não apenas em THC e CBD. À medida que a legalização se expande e as pessoas procuram maneiras mais holísticas de lidar com seus próprios problemas médicos e bem-estar, mais pessoas descobrirão como podem incorporar a cannabis em suas vidas ”, disse à Forbes.com, Stacia Woodcock, PharmD, farmacêutica clínica de cannabis, gerente de dispensário e praticante de divulgação contato na Curaleaf. O movimento hempy beauty deve ganhar ainda mais popularidade e se firmar como categoria de cuidados pessoais.

6 – A ascensão do Sexual-care com foco no prazer feminino

O painel Global Wellness Summit, realizado no final do ano passado, reuniu especialistas em bem-estar para traçar bússolas do que seriam tendências de consumo no pós-pandemia. E concluíram que o bem-estar dos próximos tempos abraçará causas até então consideradas tabus, como sexo. O boom do mercado de vibradores, além do surgimento da categorias de lubrificantes naturais durante a pandemia mostra que o Brasil pode estar pronto para discutir o bem-estar sexual em narrativas divertidas e empoderadas. O que há de novo, além da criatividade? O protagonismo do prazer feminino.

7 –  Agricultura urbana

Não basta ter uma selva inteira ornamentando a decoração da sala com natureza. É preciso plantar a próprio alimento. Não há atitude mais regenerativa, autônoma e ousada do que esta. Como já dizia Ron Finley: “Cultivar sua própria comida é como imprimir seu próprio dinheiro”. A boa notícia é que as inovações tecnológicas tem provado que ninguém precisa abandonar tudo e ir morar num sítio para isso (embora seja o mais necessário e desejado). Pequenos espaços podem abrigar hortas de temperos e ervas medicinais. Canteiros públicos podem engajar hortas comunitárias, fenômeno cada vez mais comuns em cidades como Curitiba e São Paulo.

Empresas que miram no futuro da alimentação, como a paulistana City Farm Brasil, por exemplo, apostam na tecnologia para trazer alimentos sem agrotóxicos para dentro da cidade. E até mesmo para dentro de cômodos fechados com luzes especiais. A tecnologia é usada para cultivar os chamados microgreens – uma febre global apontada como tendência entre os súper alimentos.  Já a hidroponia possibilita plantar hortaliças diversas de forma vertical, seja num quintal, seja numa pequena sacada de um apartamento, enquanto o sonhado pedaço de terra próprio não chega para todos.

8 – Re-construção do senso de comunidade

Explorar e experimentar novas formas de estruturar a sociedade é umas das missões pós-pandemia. E a base desta missão é a colaboração: da economia ao consumo, da ecologia à educação. Ecovilas, comunidades ecológicas afastadas dos centros urbanos são, sem dúvidas, exemplos de relacionamento coletivo. Mas é preciso trazer o senso de comunidade para todas as realidades e contextos. Surge, então, o resgate de hábitos que estreitam a relação com os indivíduos que habitam sua comunidade, seja ela um bairro, o condomínio, uma vila, um grupo de trabalho.

9 – A caminhada é o novo yoga

São mais de  45,3 milhões de hashtags no Instagram, quase sempre rotulada de atividade física para a melhor idade. Talvez seja a melhor. Mas assim como pode ser para qualquer idade. Depois do boom das academias, dos crossfit, do hot yoga…o que nos restou como respiro em 2020 foi dar uma caminhadinha. Tedioso para alguns, ferramenta meditativa para outros.

Democrática, acessível e reconectiva. Porque não caminhamos mais? Bom, eu tenho como atividade quase diária, mas arrisco atribuir à indústria sempre com um cardápio de novas atividades mais interessantes (caras, restritivas e distante da realidade de muitos. Caminhar é simples e nos leva a práticas essenciais dos novos tempos: silêncio, olhar para fora (no caso, o entorno de onde vivemos), e estabelecer pequenas descobertas com a natureza que nos cerca. A caminhada é usada para ancorar meditação em muitas culturas. Uma previsão do WGNS para um futuro mais distante já colocou a caminhada como uma substituta de atividade de condicionamento físico mais zen. Como caminhante urbana e yogi sinto que a caminhada pode mesmo ser o novo yoga: é para todo mundo, conecta corpo e mente colocando corpo e emoções em movimento ao mesmo tempo; pode ser feita em qualquer lugar. É simples.

10- A casa como refúgio (por escolha)

Em 2020 até os menos caseiros redescobriram como é habitar o lar. Nesta onda, olhamos para o essencial: pequenas ou reformas e ou ajustes decorativos sempre postergados. Plantas e mais plantas. Hortas caseiras. Cozinhar junto. Fazer do banheiro um spa holístico. A casa virou refúgio de pequenos prazeres, encontros e descanso. É deste novo comportamento de consumo que surgem as novas tendências de habitação do lar: fazer a própria comida cada vez mais; mais mesa de casa, menos mesa do bar. Criatividade para decorar e redecorar os espaços com mais frequência. E muitos, muitos hábitos de autocuidado em casa praticando a beleza natural com ingredientes frescos direto da cozinha. É a beleza caseira ganhando novo fôlego.

11 – Skinimalism: simplicidade + eficiencia

A prática de uma rotina enxuta de cuidados pessoais já é comum para quem segue um estilo de vida consciente. Então seria quase redundante falar de minimalismo num universo de beleza consciente. Mas é neste pilar da beleza natural que se baseia o  “Skinimalism”, tendência que promete ser a nova onda da beleza. Mais do que looks com aspecto natural e simples, o foco é mesmo seguir o conceito do menos é mais: seja na estética, seja no consumo. Menos camadas sob a pele, menos passos de skincare, menos produtos sobre a bacada do banheiro, menos filtros digitais. Bem-vindo, skinimalism!

12 – Wellness é o novo Fitness

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