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Ideias para rotinas de beleza e higiene pessoal sem plástico

Faz tempo que o plástico tomou conta do nosso cotidiano. Foi lá na década de 50 que o material  passou a ser popularizado no Brasil em todo tipo de indústria (to-do!).  Hoje, para onde quer que olhemos, lá está ele. Muitas vezes inevitável – pense na indústria hospitalar ou alimentícia -, mas na maioria fruto mesmo de preguiça humana, do consumismo, do apego à praticidade…Agora pense nas sacolinhas, nos copinhos, canudos e afins…Um plástico completamente dispensável.

Na rotina de beleza, não menos. Do excesso de produtos (de embalagem plástica, um tema complexo a se analisar) às fórmulas com microesferas de plástico a acessórios que são descartados de um jeito tão nocivo quanto um copinho de bebida, muitos gatilhos de uso não consciente do plástico tornam a rotina de skincare e higiene pessoal um tanto nociva ao meio ambiente.

Reduzir o uso deste material que é um dos vilões e protagonistas da crise climática pelo qual passamos é urgente. Vale lembrar que cada brasileiro produz  1 kg de lixo plástico por semana, segundo um relatório publicado pelo WWF. “Ah, mas dá para reciclar”. Mas nem sempre é o que acontece e nem todo plástico é visto como interessante para a reciclagem. Inclusive o Brasil é um dos países que menos recicla no mundo.

Não à toa várias iniciativas, como o movimento global Plastic free July (julho sem plástico, em tradução livre) tem surgido para incentivar um olhar mais crítico e criativo para o uso do plástico em sociedade. É sobre auto-responsabilidade e co-criação.

Ideias para uma beleza sem plástico: banheiro, pia, chuveiro & afins

pincel cabo de madeira

Objetos indispensáveis tem ganhado versões de papel, madeira, bambu, tecido…


  1. Se seguirmos a recomendação dos dentistas e fabricantes – endossada pela Associação Dental dos Estados Unidos-, trocamos de escova de dentes a cada três meses. Se, por ano, usamos uma média de quatro unidades, imagine ao longo de uma vida de 30 anos anos? A solução é aderir às versões de madeira ou bambu.  Não fossem as cerdas de nylon, seriam alternativas 100% sustentáveis. Caso a sua seja ainda a de plástico, ao menos encaminhe à coleta seletiva.

  2. Agora vamos até um vilãozinho dos mares limpos: o cotonete,  que ocupa o terceiro lugar do ranking de lixo plástico não-biodegradável encontrados nos oceanos no mundo todo. Pra quem ainda usa este item, vale aderir as versões ecológicas com haste de papel, cada vez mais comuns em farmácias.

cotonete lixo

Cotonete: um vilão da vida marinha (foto: National Geographic)


  1. Já o algodão, sobretudo aquele aquele usado no dia a dia, como o de  remover maquiagem, também tem substitutos simples e acessíveis: os ecopads. Os mais comuns são os disquinhos de crochê ou feito em tecidos atoalhados.

  2. Até saboneteiras podem ser de louça, cerâmica ou madeira. Nelas, só sabonetes naturais, por favor. Mas também é possível usar as versões líquidas, cujo frasco pode  ser reaproveitado como um refil.

  3. O chuveiro é o cantinho onde vale se desafiar a entrar no minimalismo: menos é mais. Menos shampoos, cremes e afins. E todos de fórmulas limpas, sem os proibidões da beleza limpa. Por aqui, um pente de madeira faz bem ao planeta e aos cabelos. Ah, e esponja vegetal, por favor!

Banho sem plástico

Banho sem plástico: (Foto: a Naturalíssima)


  1. E vale também resgatar design de décadas passadas para ajudar na missão de reduzir o plástico na higiene pessoal. É o caso do aparelho de barbear\depilar de metal, em que troca-se apenas as lâminas. E também outros acessórios que, embora não sejam completamente zero-plástico, tem surgido em versões com menos, é o caso dos pinceis com cabo de maneira…

  2. Aliás, sabonetes e shampoos em barra são as opções zero lixo plástico para o momento da higiene pessoal.

  3. E se formos colocar a higiene íntima feminina em pauta, não podemos deixar de lembrar que os absorventes higiênicos vão parar nos lixões\aterros e a decomposição deles leva, em média, cem anos. Um lixo sintético repleto de  aditivos químicos que podem contaminar o ambiente durante todo esse tempo. Entre as alternativas ecológicas estão os coletores menstruais, as calcinhas feitas com tecido tech e os absorventes de pano.

Tem plástico até dentro do cosméticos…

Plástico nos cosméticos

A indústria convencional de cosméticos utiliza mais de 10 mil substâncias químicas em seus processos, as chamadas POPs (Poluentes Orgânicos Persistentes) que demoram muito tempo para se decompor, sem contar as embalagens e todo o gasto de energia e água envolvidos no processo de produção em larga escala.

Os mais utilizados em produtos de higiene pessoal convencional são as de polímeros – microplásticos, sobretudo polietileno, polipropileno, polietileno tereflalato, polimetilmetacrilato e até náilon. Produtos com este tipo de ingrediente estão até mesmo sendo banidos dos EUA, como contamos aqui. O perigo: estas microesferas saem pelo ralo do nosso banheiro direto para o sistema de esgoto. Como nosso sistema  não conseguem filtrá-las, elas vão parar no oceano e, por não serem biodegradáveis, são de difíceis remoção. Desequilibram a vida marinha e a nossa saúde.

E as embalagens de beleza, por que sempre de plastico?

Maquiagens e cosméticos com embalagens de papel, madeira e vidro (Foto: a Naturalíssima)


Esta é uma questão complexa, pois envolve desenvolvimento de fórmulas, regulamentação, segurança dos consumidores (pense em frascos  de vidros de shampoos e máscaras). Isso, entre outras questões, explicam porque embalagens de marcas conscientes ainda usam plástico. Algumas usam o tipo reciclado, outras de origem vegetal ou biodegradável; há aquelas que, em alguns itens, conseguem usar papel. E também há muitas que usam o plástico convencional, mas recebem de volta em suas respectivas lojas para elas mesmas cuidarem desse pós-consumo. E vale lembrar do selo Eu Reciclo, que conecta marcas de bens de consumo com recicladores, promovendo reciclagem com responsabilidade social, por meio da compensação ambiental, e, por isso, cada vez mais aderido pelas empresas. A reflexão que trago é olhar para o tema de forma sistemática, e não apenas uma crítica engessada sobre as embalagens de plástico. E, no mais: comprar menos, sempre!

Faça você mesmo

Borra de café se torna um esfoliante zero lixo! (Foto: Elisa Correa\Legumina para aNaturalíssima)


O movimento “faça você mesmo”, tão conhecimento globalmente como DIY (do it your self), além de promover autonomia, acesso às soluções de autocuidado e resgate de saberes ancestrais, se feito de forma consciente, levando em conta a origem dos ingredientes e afins, também é um caminho para a redução do lixo nos  cuidados pessoais. Os esfoliantes com microesferas de plástico, por exemplo, podem ser facilmente trocados por receitas artesanais: borra de café, fubá e até aveia, se misturados a um bom óleo 100% vegetal (pense em até em azeite) resultam em ótimas seguras e biodegradáveis.

Chantilly corporal: caseiro, vegano, natural e ultra hidratante (Foto: a Naturalíssima)


As ervas, como camomila e calêndula, em forma de chá, acalmam e hidratam a pele sempre precisar e de várias embalagens; ou podem render receitas terapêuticas diversas. Já pensou em usá-los na sua rotina de cuidados? Desodorantes, hidratantes e máscaras faciais também podem ser feitas em casa. Além de naturais, são ideias que possibilitam a redução de embalagens, por exemplo, pois podem ser armazenados em potes de vidro devidamente esterilizados. Aqui no site, confira receitas e rituais na categoria “faça você mesmo”.

Menos é mais

menos plástico

Menos plástico, mais planeta!


Vale lembrar que indústria da vaidade é uma das poucas que não sofre com as crises econômicas – o Brasil é o quarto país no ranking de maiores consumidores de produtos de beleza e higiene do mundo, atrás apenas do Estados Unidos, da China e do Japão. Não à toa somos bombardeados diariamente com propagandas sedutoras de produtos que, muitas vezes, nem precisamos. Portanto, reduzir o consumo é uma das atitudes mais responsáveis que podemos ter com o planeta. Antes mesmo de fazer trocas inteligentes, como algumas das que indiquei acima, vá até o local onde você guarda seus produtos e questione: você precisa mesmo disso tudo? O que está ali que você realmente gosta e usa, e o que é só uma imposição da indústria e da mídia?

“Mais rituais, menos produtos” – Marcela Rodrigues, fundadora A Naturalíssima

Consumir consciente é sair da zona de conforto e entender que a nossa vaidade e nosso bem-estar não precisam estar atreladas a um impacto ambiental negativo. Menos plástico, menos excesso…mais planeta.

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