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Fashion Revolution 2017: quem faz as minhas roupas

Há exatos quatro anos 1.133 pessoas morreram, e outras centenas ficaram feridas, no desabamento do complexo de uma fábrica de tecidos em Bangladesh. Catástrofes sociais e ambientais na (e por causa da) indústria da moda continuam acontecendo, mas o mundo nunca mais olhou da mesma maneira para elas.

Isso porque a tragédia resultou em ONGs e movimentos como o Fashion Revolution Day. Durante esta semana, estilistas, personalidades, lojas, grifes, produtores de algodão, operários, ativistas, ONGs, jornalistas – e qualquer pessoa (ei, você!) que se preocupa com o que veste – se reúnem para dizer o mesmo: #quemfezminhasroupas.

“As pressões e complexidades da indústria global tornam a sustentabilidade difícil, mas a campanha tem esse propósito: apresentar soluções sustentáveis realistas. Para colocar o plano, de um mundo da moda melhor, em ação, a pergunta é simples: quem fez minhas roupas? Para participar e ajudar a divulgar, é só vestir uma peça de roupa do lado avesso, fotografar e compartilhar com a hashtag” – Fashion Revolution Brasil

Quem faz as minhas? Eu tento, sempre que possível, usar o serviço de costureiras – hábito que aprendi na infância de interior, esqueci por um bom tempo, e acabei resgatando por  causa do emprego em uma revista de moda com foco em costura e DIY (a Manequim, na qual editora atualmente). Tenho o maior orgulho das roupas que, na verdade, não possuem nem etiqueta, mas tem origem em um pequeno ateliê, muitas vezes em casa.

Esse vestido amarelo aí foi feito pela Adriana, costureira muito boa da minha cidade natal, no Sul do Rio, Barra Mansa. Escrevi o nome dela no avesso (e fiz o mesmo em outros casos, sempre registrando ano e cidade), após a campanha do ano passado. Aqui em SP tenho outras costureiras queridas. Amo o trabalho delas e passei a valorizar e resgatar o esse hábito alguns anos atrás, depois de entrar pra equipe da Revista Manequim, na qual, hoje, sou editora. O #diy é um dos alicerces mais fortes do Slow Fashion e nos possibilita acompanhar de perto cada passo da produção.

compro, mas consciente

E também adoro comprar de marcas, nem tão pequenas assim, mas cuja transparência seja uma realidade possível – ainda que o DNA delas não seja sustentável. Saber onde exatamente a roupa em questão é feita, por quem e etc. Bom, mas confesso que tenho (muitas) roupas e fast-fashion também, viu? Sabe aquela americana que acumula denúncias por trabalho escravo? Essa mesma.  São fruto de uma época em que eu não tinha noção do que, realmente, era consumir moda de maneira ética. Me orgulho? Obvio que não. Jogo fora para ter somente peças vindas de um processo justo  no meu armário? Também não. Cuido bem delas para que elas possam demorar o máximo possível para se tornarem mais um lixo meu no mundo.Mas é assim: algumas roupas me dão orgulho. Outras, não. É complexo, não é fácil, mas precisamos seguir tentando e fazendo o possível – sem julgamento, com o outro o si mesmo- cada vez mais.

Amanhã, e no restante do ano, continue se perguntando: quem faz as minhas roupas? De onde elas vem e que impacto os tecidos usados nela geram no mundo? Na dúvida, pergunte à sua marca favorita.

Alguns documentários, como estes que listei aqui neste post, ajudam nesta missão de questionar e ressignificar o consumo de moda no dia a dia.

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